terça-feira, 28 de abril de 2009

Resenha do livro "Linguagem e escola - Uma perspectiva social"






SOARES, Magda Linguagem e escola - uma perspectiva social. 17º edição. São Paulo: Ed. Ática, 2001.


Magda Soares é Doutora em Educação e atualmente professora titular emérita pela UFMG. Suas obras são especificamente sobre lingüística e suas implicações se dão tanto na sociedade quanto na escola. E é o livro “Linguagem e escola - uma perspectiva social’’ que retrata bem a análise das relações entre a escola e a linguagem em suas perspectivas sociais.
Seguindo o raciocínio de que a escola cada vez mais vem apresentando altos índices de repetência e evasão, a autora começa apresentando três explicações para tal fato.A escola, que é tida como “democrática”, está cada vez mais distante de satisfazer e atender a todos de maneira “igual”, o que acentua ainda mais as desigualdades sociais. Para levar o leitor a essa reflexão Magda Soares se utiliza de autores como Bernstein (sua teoria é o uso da linguagem em função de relações sociais), Lagov (teoria que desmistifica a idéia de privação lingüística) Bourdieu( aponta relações entre a língua e as condições sociais).
No Capítulo dois ela faz um breve histórico acerca dos caminhos percorridos pelas camadas populares na busca de uma educação igualitária. Diante dessa trajetória Magda Soares apresenta as três explicações para uma educação insatisfatória quantitativa e qualitativamente. A primeira trata da ideologia do dom, a qual explica que as causas do sucesso ou insucesso dependem unicamente do indivíduo, de sua aptidão, inteligência, talento. A segunda: ideologia da deficiência cultural, diz que o fracasso dos alunos é proveniente do “déficit” ou carência cultural devido o meio em que vivem do ponto de vista econômico. A terceira ideologia da diferença cultural, que vai tratar o “problema” da linguagem como sendo algo oriundo de culturas diferentes, onde a camada dominada é marginalizada e excluída por isso.
O Terceiro capítulo fala da deficiência linguística encontrada na educação. Segundo a obra, as crianças apresentam-se como portadoras de carências e deficiências provenientes do meio em que estão inseridas. Concretiza-se dessa maneira a teoria da deficiência cultural, que nos revela a dificuldade enfrentada pelas camadas populares, que sofrem ao tentar se entregar “ao sistema de ensino”, pois não vivenciaram segundo alguns pesquisadores situações contextuais que desenvolvesse a linguagem nos mesmos. Dessa forma é proposto pelas escolas uma educação compensatória que venha suprir tal “privação”. Porém a autora nos leva a enxergar que tal ação está imbuída de uma estrutura discriminatória, deste a raiz ao ápice de sua trajetória.
No Quarto capítulo a autora trata da severa crítica que sociolinguísticas fazem aos sociólogos, sobretudo aos psicólogos que desenvolveram a teoria da deficiência linguística. Estes estudiosos, usando-se de uma impropriedade científica afirmando a existência de uma língua “melhor” mais “adequada”, “superior”. Já anos mais tarde sociólogos e antropólogos mostraram que na verdade havia uma infinidade de variações linguísticas, para cada cultura existente. Foi então que Lagov, na década de sessenta apresenta as primeiras pesquisas que irão desmistificar a teoria da deficiência linguística. O estudioso constatou que as crianças dos guetos, ao contrário do que se pensava, usavam muito mais frases com sentido do que crianças das camadas mais favorecidas, pois as crianças (dos guetos) são mais estimuladas verbalmente do que qualquer outra.
O Quinto capítulo estrutura-se sobre a idéia de que até hoje pesquisadores descobrem diferentes expressões e vocabulários para justificar o real problema das camadas desprivilegiadas, mas mesmo assim tal teoria tem se mostrado ineficaz, pois ignoram o fato essencial que pretendem resolver. Na verdade o que se sabe é que o fator essencial está na relação entre educação e sociedade, e como a escola é vista por essa estrutura social. Uma vez que as instituições escolares impõem os saberes de uma classe dominante, por mais que se busquem explicações para o fracasso, ela estará sempre reproduzindo aquilo que a sociedade dita. O referido capítulo também trata do valor simbólico que a linguagem representa, pois assim como em mercado capitalista, a linguagem desenvolve uma função de troca onde ganha aquele que exerce mais poder, que se apresenta mais munido de um vocabulário rico, erudito e de acordo com os padrões da classes privilegiadas. Porem aqueles a que foge a essa realidade, que não demonstram poder sobre essa linguagem padrão, não poderão reivindicar muito menos interagir com essa “troca” de conhecimento.
Por fim o capítulo 6 é toda uma explicação acerca das três teorias, a autora enxerga tais teorias sobre o prisma de uma escola “transformadora.” Ou seja, Magda Soares se refere a uma escola que é espelho de uma sociedade preconceituosa e direcionalista, onde aqueles que menos lutam por seus direitos são os que mais têm privilégios, onde aqueles que reivindicam sua posição na sociedade são tidos como sem cultura, sem língua, sem voz. Visto dessa forma é importante destacar que nossas instituições podem, devem rever seus conceitos, primando pela participação não só de uns, mas de todos. Uma escola consciente de seu papel político, social e cultural. Uma escola que proporcione às camadas populares a oportunidade de conquistar reconhecimento, respeito e acima de tudo, sua posição como cidadão pensante e seguro de seus direitos diante da sociedade.
Enfim, o livro é porta aberta para a discussão, infinita, de que a escola ainda está longe de ser lugar onde a democracia reina, onde todos têm voz e vez. Mas nem por isso devemos cruzar os braços diante dessa realidade, pois ao passo em que reconhecemos que o erro está sendo causado por nós mesmos, por nosso preconceito de querer impor aquilo que é condicionado, aquilo que, segundo regras, não pode ser mudado, muita coisa já terá sido feita. Somos nós responsáveis pela falta de oportunidades de algumas camadas, seja em nosso silenciar, seja em nossas atitudes de preconceito. E só depende de nós uma escola que tenha antes de tudo uma perspectiva social- humana.

Paradoxo do Nosso Tempo / George Carlin

Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente.
Nós bebemos demais, gastamos sem critérios. Dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e raramente estamos com Deus.
Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.
Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.
Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.
Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos. Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.
Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos cada vez menos.
Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande, de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.
Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.
Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas 'mágicas'.
Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.
Lembre-se de passar mais tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão aqui para sempre.
Lembre-se dar um abraço carinhoso em seus pais, num amigo, pois não lhe custa um centavo sequer.
Lembre-se de dizer 'eu te amo' à sua companheira(o) e às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, se ame... se ame muito.
Um beijo e um abraço curam a dor,quando vêm de lá de dentro. Por isso, valorize sua família, seus amores, seus amigos, a pessoa que lhe ama...

E, aquelas que estão ao seu lado, sempre..!